sábado, 22 de junho de 2013

A colonização no Brasil (XV/XVII)

O processo de colonização do Brasil foi consequência da Expansão Marítima realizada pelos portugueses. Durante o século XV, os portugueses ocuparam regiões estratégicas da Ásia e da África que poderiam ser utilizadas como foco de expansão comercial. Posteriormente, o controle dessas áreas abriu espaço para que as primeiras práticas colonizadoras fossem empreendidas nas Ilhas de Açores e Madeira.

MAPA DAS PRIMEIRAS VIAGENS PELO ATLÂNTICO (XV/XVI)




A conquista de rotas comerciais para o Oriente, local de principal área de fluxo comercial das nações européias, fez com que a descoberta das terras brasileiras não fosse de muito interesse para a Coroa Portuguesa. Nos primeiros trinta anos de colonização (15000/1530), as atividades econômicas coloniais se limitavam a realizar a extração do pau-brasil nas regiões litorâneas do país. Tal empreendimento contava com a colaboração dos índios, que em troca de alguns produtos e utensílios, realizavam a derrubada e o armazenamento da madeira. Este momento inicial da colonização ficou conhecido como período pré-colonial, que além de incluir o escambo e a extração do pau-brasil pelo trabalho compulsório indígena, determinou no litoral a instalação de feitorias como armazéns de mercadorias.

No entanto, a insatisfação de algumas nações contra o monopólio ibérico sobre a exploração das terras americanas determinou uma mudança nos rumos da colonização portuguesa, visto que a não efetivação da colonização implicou em ameaça de invasões estrangeiras ao Brasil. Nações como a França e a Holanda reivindicavam a adoção do que os territórios coloniais fossem devidamente demarcados, e por isso questionavam o Tratado de Tordesilhas assinado por Portugal e Espanha em 1492, que delimitou os domínios e impérios coloniais de ambos os países.

MAPA DO TRATADO DE TORDESILHAS (1492)



Ao mesmo tempo em que protestavam, essas nações ameaçavam a hegemonia lusitana em terras brasileiras com o envio de expedições de reconhecimento do território tupiniquim. Tais ameaças fizeram com que a política colonial portuguesa fosse modificada. No ano de 1530, o expedicionário Martim Afonso de Sousa fundou o primeiro centro de exploração colonial no litoral do atual Estado de São Paulo. Essa primeira ocupação deu origem à Vila de São Vicente que, tempos depois, teria a companhia de outros focos de ocupação localizados na região do Planalto de Piratininga. Muitos dos primeiros habitantes eram degredados e desertores que viviam marginalizados no Velho Continente. 
A partir de 1530 os portugueses deram inicio ao processo de efetivação da colonização, o que incluía a divisão de terras, envio de colonos, produção monocultora para exportação, defesa do território e fiscalização da metrópole como forma de manutenção do monopólio colonial. 
O sistema de capitanias, bem sucedido nas ilhas da Madeira e de Cabo Verde, foi inicialmente implantado no Brasil com a doação da Ilha de São João (atual ilha de Fernando de Noronha), por Carta Régia de Dom Manuel I (1495 - 1521), datada de 16 de Fevereiro de 1504, que doou a Fernando de Noronha, arrendatário do contrato de exploração do pau-brasil, constituindo a capitania de São João, sem qualquer efeito na prática, uma vez que não há notícia de sua colonização à época. Os descendentes de Noronha, entretanto, continuaram herdando o título de posse da capitania até ao seu último representante, João Pereira Pestana, em 1692. 
A partir de então, a administração colonial contou com um primeiro sistema de distribuição organizado por meio da divisão do território. Essa divisão deu origem às chamadas capitanias hereditárias, grande extensões de terra que eram doadas para nobres, burocratas ou comerciantes influentes dentro da Corte lusitana. Aquele que recebia alguma capitania era chamado de donatário e teria que cumprir com os princípios estabelecidos por dois documentos legais: a Carta de Doação e o Foral. A Carta de Doação garantia ao donatário a posse da capitania, onde este deveria explorar a terra, produzir e defender, além de pagar impostos ao rei pelo uso da terra. A capitania era de direito hereditário e não podia ser vendida, e a terra continuava sendo propriedade da Coroa. Ao donatário cabia o poder de doação das terras – sesmarias, onde o sesmeiro também deveria pagar impostos pela utilização da terra a Coroa Portuguesa. Os forais eram documentos que mostravam os direitos e os deveres do donatário.



Esse primeiro sistema de controle e povoamento da colônia brasileira acabou não tendo grandes resultados. Com isso, os portugueses resolveram implantar um novo sistema administrativo mais centralizado e composto por representantes diretos do poder metropolitano. Foi daí que surgiu o chamado governo-geral, um governador nomeado pelo rei deveria tomar medidas em favor da criação de vilas, a exploração econômica das terras e o combate aos piratas e contrabandistas.
Para dar conta de tantas funções, o governador-geral contava com o apoio de um corpo de funcionários. Para tratar das questões de justiça havia a figura do ouvidor-mor; os recursos financeiros levantados pela atividade colonial e a arrecadação de impostos era responsabilidade do provedor-mor; e o capitão-mor combatia os invasores e criminosos do ambiente colonial. A primeira cidade escolhida para abrigar o governo-geral foi Salvador, considerada a primeira capital do Brasil.
O primeiro governador-geral, Tomé de Souza, incentivou a construção de núcleos e o povoamento, trazendo colonos e padres jesuítas chefiados por Manoel da Nóbrega tinham como auxiliares em sua administração o provedor-mor (administração de dinheiro); o ouvidor-mor (cuidava da justiça) e o capitão-mor da costa (militar da defesa).
Tomé de Souza fundou a primeira capital do Brasil, Salvador, na Baía de Todos os Santos; criou o primeiro bispado, tendo como bispo Dom Pedro Fernandes Sardinha e desenvolveu a agricultura e a pecuária.
O segundo governador, Duarte da Costa, além dos colonos trouxe mais jesuítas, entre eles José de Anchieta, conhecido como apóstolo do Brasil. Manoel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram em 1554 o colégio São Paulo de Piratininga, que deu origem à cidade de São Paulo. Em 1555, ocorreu a invasão dos franceses no Rio de Janeiro, que se aliaram aos índios tamoios e organizaram a Confederação dos Tamoios, contra os portugueses.
O terceiro governador, Mem de Sá (1558 – 1572), expulsou os franceses e fortaleceu o monopólio português no Brasil. Com o auxilio de Manoel da Nóbrega e de José de Anchieta pacificou os índios e acabou com a Confederação dos Tamoios.
Com a morte de Mem de Sá, em 1572, Portugal dividiu o Brasil em dois governos: governo do norte, instalado em Salvador, e o governo do sul, no Rio de Janeiro.
Em 1621 uma nova divisão foi adotada: Estado do Maranhão, com sede em São Luís, que abrangia os atuais Estados do Pará ao Ceará e Estado do Brasil, com capital inicialmente em Salvador, depois transferida para o Rio de Janeiro, que se estendia do atual Rio Grande do Norte a Santa Catarina e durou até 1774.
Além de contar com o interesse da Coroa, a colonização também se desenvolveu graças à ação dos missionários da Ordem de Jesus. Os padres jesuítas vinham para o Brasil com objetivo de catequizar as populações nativas e, por meio de sua ação, acabavam dando uma justificativa religiosa à presença dos portugueses em terras distantes. A disseminação do cristianismo acabava dando sustentação a toda exploração e expropriação praticadas nesse tempo.
Dessa maneira, dava-se início a um dos mais longos períodos da história brasileira. Ao longo de quatro séculos, os portugueses empreenderam negócios rentáveis à custa de uma estrutura administrativa centralizada e voltada para os exclusivos interesses da metrópole. Muitas das feições sociais, políticas, econômicas e culturais assumidas pelo Brasil na atualidade são fruto desse longo período histórico.

A Catequização como forma de dominação

A imagem apresenta o quadro a Primeira Missa de Victor Meirelles pintado em 1806, que ilustra o trabalho dos jesuítas no processo de catequização dos indígenas braseiros.

Os jesuítas desejavam converter os indígenas ao cristianismo e aos valores europeus; e os colonos estavam interessados em usá-los como mão-de-obra para seus empreendimentos agrícolas ou de mineração. A esses interesses de ambos apresentavam como elo comum a colonização e dominação nativa através de um processo de assimilação cultural dos hábitos e costumes tradicionais do indígena brasileiro. 
Os jesuítas organizaram os aldeamentos indígenas e criaram as reduções ou missões. Nas Missões, os nativos, além de passarem pelo processo de catequização, que tinha como um de seus objetivos “educar o gentio para a civilização”, também era orientado ao trabalho agrícola, que garantia aos jesuítas uma fonte de renda. 
A escola indígena, cuja responsabilidade foi da Igreja Católica no período colonial, caracterizou uma imposição da cultura européia e da religião aos nativos brasileiros. A educação indígena era entendida pelos jesuítas como um processo de integração dos nativos à colonização, no entanto, essa prática significou a destruição das formas tradicionais de organização social, das regras de parentesco, e da religião das diferentes comunidades indígenas.
Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, Primeiro-Ministro de Portugal de 1750 a 1777.
Em meados do século XVIII, Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e das colônias, revertendo todos os colégios e métodos jesuítas para o Estado, desestruturando o sistema educacional montado pelos jesuítas em prol da adoção de medidas liberais respaldadas pela influência iluminista. Pombal se caracterizou como um verdadeiro déspota esclarecido. Porém, as concepções culturais e etnias a respeito dos indígenas continuavam a caracterizá-lo como primitivo, incapaz ou incompatível com o progresso e civilização.

A Escravidão Colonial.

A imagem feita por Jean Batist Debret ilustra a complexidade da escravidão brasileira, onde a hierarquia nas relações de trabalho justificava que um escravo punisse o outro a mando do seu senhor.

A utilização da mão de obra escrava esteve relacionada com a manutenção do monopólio real e da introdução no Brasil da colonização de exploração, que tem como características principais: o latifúndio, a monocultora, a exportação, o pacto colonial e o trabalho escravo como forma de minar o desenvolvimento interno e a autonomia econômica colonial.
A escravidão no Brasil foi marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano devido ao lucro do tráfico de escravos entre Portugal e África, mas é necessário ressaltar os indígenas também foram vítimas do trabalho compulsório. A escravidão indígena foi abolida oficialmente pelo Marquês do Pombal, no final do século XVIII, porém a africana continuou até o ano de 1888, quando a princesa Isabel assinou a lei Áurea, após um longo processo de abolição. 
Os escravos foram utilizados principalmente na agricultura, com destaque para a atividade açucareira, e posteriormente na cafeeira; e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia colonial. Por ser a base da economia, os escravos também desempenhavam serviços domésticos e/ou urbanos, sendo considerados "as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda." (In: Antonil, Cultura e Opulência do Brasil, 1711, Livro I, Capítulo, IX). 

A escravidão no Brasil foi um processo complexo, e contou com uma forte resistência dos escravos africanos, que não aceitavam a vida que lhes era imposta e lutavam contra a dominação de diversas formas: suicidavam-se, não cumpriam as ordens que recebiam, assassinavam seus senhores, fugiam, rebelavam-se. Alguns africanos sofriam uma depressão profunda, chamada de banzo, o que podia levar a morte por inanição.
Muitos escravos fugitivos se organizaram em quilombos. Na África, o kilombo era um acampamento militar dos jagas (guerreiros imbangala), e aqui no Brasil se tornou uma comunidade que se organizava para resistir à sociedade escravista. O mais famoso quilombo foi o dos Palmares, fundado na Serra da Barriga, na então capitania de Pernambuco (hoje Alagoas), no século 17, mas existiram centenas de quilombos por todo território brasileiro.
Além das resistências a relação entre senhor de engenho e escravo se desdobrava em diferentes situações descritas como a “brecha camponesa’ um conceito cunhado pelo historiador Luiz Felipe Alencastro, que se refere ao costume que alguns senhores de engenho tinham em liberar alguns lotes de sua propriedade para que os escravos pudessem realizar a produção de gêneros agrícolas voltados para o próprio consumo e a venda no mercado interno. Tal medida seria benéfica aos escravos ao abrir oportunidade para a compra de outros produtos e a relativa melhora de sua condição de vida.
Outra relação interessante presente na escravidão brasileira eram os escravos de ganhos, que realizavam tarefas remuneradas, entregando ao senhor uma quantia diária do pagamento recebido. Era comum que este tipo de escravo conseguisse formar um pecúlio geralmente empregado na compra de sua liberdade, pagando ao senhor por sua alforria.

A imagem de Jean Batist Debret ilustra o escravo de ganho como vendedor de flores.

Extração, Pecuária e a Economia Colonial (XV/XVII)

O cultivo da cana-de-açúcar foi introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Pernambuco. Os fatores favoráveis a produção de açúcar explicam o sucesso do empreendimento, tais como: a experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do Atlântico, o solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mão-de-obra escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exigiu grandes latifúndios, introdução de engenhos e forte investimento em equipamentos e na compra de escravos.

A imagem acima ilustra um engenho de açúcar do século XVII.

Os engenhos de açúcar são unidades de produção autossuficientes compostos pela casa grande, moradia da família proprietária, e da senzala, caracterizada como a dos escravos, alguns engenhos possuíam uma capela e uma escola, onde os filhos do senhor aprendiam as primeiras letras. Junto aos canaviais, uma parcela de terras era reservada para o gado e roças de subsistência. A "casa do engenho" possuia toda a maquinaria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar.
O monopólio português sobre o açúcar assegura lucros consideráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio acaba quando os holandeses começam a produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do século XVII. A concorrência e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam uma rápida queda de preços no mercado.

O esquema apresenta as etapas da produção do açúcar realizado nos engenhos.

O desenvolvimento da pecuária no período colonial aconteceu com o próprio processo de colonização, quando os portugueses trouxeram as primeiras reses para a realização da tração animal, o consumo local e o transporte de cargas e pessoas. Fator essencial na ocupação e povoamento do interior, a pecuária se desenvolveu no vale do rio São Francisco e na região sul da colônia. As fazendas do vale do São Francisco eram latifúndios assentados em sesmarias e dedicados à produção de couro e criação de animais de carga. Os criadores de gado adentravam o território e, consequentemente, expandiam involuntariamente as possessões coloniais. Ao mesmo tempo em que favoreciam o alargamento das fronteiras, a atividade pecuarista desenvolvia relações sociais e econômicas que se distanciavam dos padrões tradicionalmente ditados pelas plantations agroexportadoras e escravistas do litoral brasileiro. Geralmente, os trabalhadores ligados à pecuária eram brancos, mestiços, índios e escravos alforriados. A existência de escravos era minoritária e grande parte desses trabalhadores – na qualidade de vaqueiros e peões – recebiam uma compensação financeira, considerada regular, pelos seus serviços.
Na passagem do século XVII para o XVIII, foram descobertas ricas jazidas de ouro no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa voltou toda a atenção para as terras brasileiras. A região das minas espalhou-se pelos territórios dos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e tornou-se um pólo de atração de migrantes: portugueses em busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São João Del Rey, Arraial do Tijuco (atual Diamantina) e Cuiabá.
A Coroa portuguesa autorizou a livre exportação de ouro mediante o pagamento de um quinto do total explorado. Para administrar e fiscalizar a atividade mineradora criou a Intendência das Minas, vinculada diretamente à metrópole. Toda descoberta devia ser comunicada. Para garantir o pagamento do quinto, foram criadas a partir de 1720 as casas de fundição, que transformam o minério em barras timbradas e quitadas. Em 1765 foi instituída a derrama: o confisco dos bens dos moradores para cobrir o valor estipulado para o quinto quando há déficit de produção.
O chamado "ciclo do ouro" trouxe uma grande diversificação social para a colônia. A exploração das jazidas não exigiu o emprego de grandes capitais, e permitiu a participação de pequenos empreendedores estimulando novas relações de trabalho além da à mão-de-obra escrava como o trabalho livre. A exploração de diamantes teve inicio por volta de 1729, nas vilas de Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. A produção atingiu grandes volumes e chegou a causar pânico no mercado joalheiro europeu, provocando a queda nos preços das pedras. Em 1734 foi instituída uma intendência para administrar as lavras. A extração passou a ser controlada por medidas severas que incluíam o confisco, a proibição da entrada de forasteiros e a expulsão de escravos.
A economia colonial brasileira foi integrada ao processo mundial de expansão do capitalismo mercantil. Baseada no monopólio colonial - Portugal tinha a exclusividade do comércio com a colônia. Internamente a colonização tinha o caráter predatório sobre os recursos naturais. As técnicas agrícolas utilizadas eram rudimentares e provocaram rápido esgotamento da terra. A produção estava centrada na grande propriedade monocultora, o latifúndio, e na utilização de numerosa mão-de-obra escrava - primeiro dos indígenas e depois dos negros.

Texto escrito por Carol Melo.

APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR.

1) (GV) Quais as características dominantes da economia colonial brasileira?

a) propriedade latifundiária, trabalho indígena e produção monocultura;
b) propriedades diversificadas, exportação de matérias-primas e trabalho servil;
c) monopólio comercial, latifúndio e trabalho escravo de índios e negros;
d) pequenas vilas mercantis, monocultura de exportação e trabalho servil;
e) propriedade minifundiária, colônias agrícolas e trabalho escravo.

2) (UCSAL) A atual configuração do território brasileiro foi definida em suas linhas gerais, na época do marquês de Pombal, pelo Tratado de:

a) Lisboa
b) Madri
c) Utrecht
d) Tordesilhas
e) Badajós

Gabarito

1) C
2) B

Liberalismo e democracia. Socialismo e Anarquismo. O pensamento revolucionário no século XIX.

O objetivo deste texto é realizar uma breve reflexão sobre as principais ideais que permearam o pensamento revolucionário no século XIX.

I) LIBERALISMO:

O Liberalismo é definido como um conjunto de princípios e teorias políticas que tem como ideias principais: a defesa da propriedade privada; a liberdade econômica (livre mercado); a mínima participação do Estado na economia da nação (governo limitado); a igualdade perante a lei (Estado de direito). 
O liberalismo surgiu como ideal político e econômico no século XVII, por meio de trabalhos publicados pelo filósofo inglês John Locke, precursores da teoria do contrato social, da qual Locke acreditava que os governos haviam sido criados para defender o direito natural do homem (propriedade, liberdade, a vida), caso não o fizesse, o povo teria o direito de restituir o governo injusto. Já no século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith. 
O Liberalismo no século XIX definiu o Estado burguês e tornou-se a mola propulsora do desenvolvimento das relações capitalistas na História. A força do discurso liberal é tamanha que diante da crise do Estado Social no século XX, o Neoliberalismo surgiu no final da década de 1970 como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que restauraram o Estado Liberal através da desregulação do Estado, da privatização e da retirada do Estado dos investimentos sociais, como forma de manutenção do crescimento econômico. Tal situação gerou uma total desproteção social, crise e reconfiguração das relações de trabalho, e a substituição de políticas sociais por políticas compensatórias. 

II) ANARQUISMO: 

O anarquismo Fo um movimento revolucionário que surgiu no século XIX atarvés das ideias de Mikhail Bakunim (1814-1876).
O anarquismo defende a existência de uma sociedade sem Estado, equilibrada na ordem, na liberdade de forma voluntaria e autodisciplinada. Os anarquistas são a favor de uma organização voluntaria, onde os seres humanos deveriam ter a liberdade espontânea sem ter que seguir diretrizes partidárias. A própria comunidade deveria se reunir para tomar decisões de seu interesse. A primeira base do anarquismo é o fim da propriedade privada, o segundo é o fim do Estado já que o mesmo era desnecessário para a sociedade e que favorece exclusivamente a burguesia, a terceira característica seria a liberdade e ordem obtida de forma espontânea, sem intervenção do Estado através de leis.
O anarquismo se difere do comunismo, pois este admite após a derrubada do capitalismo uma fase de transição descrita pelo socialismo. Por isso o comunismo seria uma última fase, onde também não haveria necessidade da existência do Estado. Já o anarquismo prevê uma ruptura direta e em seguida a viabilização de um governo onde predomina a autogestão da sociedade, sem necessidade de um Estado ou de partidos políticos.

III) SOCIALISMO E COMUNISMO: 

Dentro da teoria marxista elaborada no século XIX, comunismo e socialismo seriam duas etapas sucessivas no desenvolvimento da sociedade humana, ocorrendo após o colapso do sistema capitalista. O socialismo seria caracterizado pela abolição da propriedade privada dos meios de produção e a instalação de um Estado forte ("ditadura do proletariado"), capaz de consolidar o regime e promover a diminuição da desigualdade social. No comunismo, o próprio Estado seria abolido com a instauração de uma igualdade radical entre os homens.
O socialismo refere-se a um modo de organização social criado no século XIX em oposição ao liberalismo e ao capitalismo. Naquela época, a realidade existente era a do trabalhador submisso, baixos salários e longas jornadas. Então, o socialismo propôs o extermínio da propriedade privada dos meios de produção, a tomada do poder por parte do proletariado, o controle do Estado e divisão igualitária da renda, ou seja, proporcionar a todos um modo de vida mais justo. 
Esta etapa de transição entre o capitalismo e o comunismo foi pensada de diferentes formas entre pensadores do século XIX do qual se destacam duas correntes centrais: o socialismo utópico e o socialismo científico.
O Socialismo Utópico teve como um de seus principais precursores: Robert Owen (considerado o pai do socialismo utópico), Saint-Simon e Charles Fourier que idealizavam a formação de uma sociedade onde as classes sociais vivessem em paz ao buscarem interesses comuns que estivessem acima da exploração ou da busca constante pelo lucro. O francês Saint Simon defendia um tipo de socialismo planificado, em que o mercado devia ter algum tipo de controle estatal. Já Charles Fourier foi contrário a essas ideias e propôs um sistema de trabalho em cooperativas, em que os empregados fossem donos das fábricas e repartissem o lucro entre si. Para Robert Owen, os trabalhadores deveriam se organizar em cooperativas, sem salário, retirando de sua produção aquilo que necessitassem para sua sobrevivência. Como essas ideias que pareciam impossíveis de darem certo, aos olhos dos homens daquele período, Owen foi tachado de “socialista utópico”, ou seja, que vivia de sonhos e ideais.
O Socialismo Científico teve como pensadores principais Karl Marx e Friedrich Engels. Os citados autores foram os teóricos do marxismo.
O socialismo científico tinha como principais bases teóricas o materialismo histórico, a dialética, a luta de classes, a revolução proletária, a tese da mais-valia e a teoria do trabalho como mercadoria. Todas essas teorias foram frutos de profundas reflexões e análises da sociedade industrial burguesa que estava em ascensão no século XIX.
Segundo os socialistas científicos, a melhoria das condições de vida e trabalho dos trabalhadores se concretizaria através da luta de classes, da revolução proletária e da luta armada. Eles combatiam as ideias liberais burguesas dos socialistas utópicos que acreditavam que a transformação social aconteceria de forma pacífica.
O socialismo científico apoiou o “despertar” dos trabalhadores da situação de explorados, através da luta de classes. Ou seja, os trabalhadores seriam o motor da transformação da história. A superação do capitalismo e a construção de uma sociedade sem classes só seriam possíveis por meio de uma revolução socialista conduzida pelos trabalhadores. Segundo Marx e Engels, a tomada do poder pelos trabalhadores daria início à ditadura do proletariado (transição entre o capitalismo e o socialismo) e o final do processo de transição seria o comunismo (sociedade sem classe, sem propriedade privada, sem donos dos meios de produção, sem Estado).
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) são apontados como os precursores das formulações teóricas do comunismo. Uma de suas principais obras fundadoras desta corrente política foi “O Manifesto do Partido Comunista”. 
Nas palavras de Engels: “O comunismo é a doutrina das condições de libertação do proletariado (...) cujo sofrimento, cuja vida e cuja morte, cuja total existência dependem da procura do trabalho e, portanto, da alternância dos bons e dos maus tempos para o negócio, das flutuações de uma concorrência desenfreada. Numa palavra, o proletariado ou a classe dos proletários é a classe trabalhadora do século XIX. (...) Torna-se necessário: a restrição da propriedade privada por meio de impostos progressivos, altos impostos sobre heranças, abolição da herança por parte das linhas colaterais (irmãos, sobrinhos, etc.), empréstimos forçados, etc; a expropriação gradual dos latifundiários, fabricantes, proprietários de caminhos-de-ferro e armadores de navios, em parte pela concorrência da indústria estatizada, em parte, diretamente, contra indenização em papéis do Estado; a confiscação dos bens de todos os emigrantes e rebeldes contra a maioria do povo; a organização do trabalho ou ocupação dos proletários em fábricas e oficinas, pela qual se elimina a concorrência dos operários entre si e os fabricantes são obrigados, enquanto ainda subsistirem, a pagar o mesmo salário elevado que o Estado a igual obrigação de trabalho para todos os membros da sociedade até à completa abolição da propriedade privada Formação de exércitos industriais, sobretudo, para a agricultura; a centralização do sistema de crédito e da banca nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e repressão de todos os bancos privados e banqueiros; a multiplicação do número de fábricas, oficinas, caminhos-de-ferro e navios nacionais, cultivo de todas as terras e melhoramento das já cultivadas, na mesma proporção em que se multiplicarem os capitais e os operários que se encontram à disposição da nação, a educação de todas as crianças, a partir do momento em que podem passar sem os cuidados maternos, em estabelecimentos nacionais e a expensas do Estado. Combinar a educação e o trabalho fabril; a construção de grandes palácios nas herdades nacionais para habitações coletivas das comunidades de cidadãos que se dedicam tanto à indústria como à agricultura, e que reúnam em si tanto as vantagens da vida citadina como as da rural, sem partilhar da unilateralidade e dos defeitos de ambos os modos de vida; a destruição de todas as habitações e bairros insalubres e mal construídos, a igualdade de direito de herança para os filhos ilegítimos e legítimos, a concentração de todo o sistema de transportes nas mãos da nação. Quando todo o capital, toda a produção e toda a troca estiverem concentrados nas mãos da nação, a propriedade privada desaparecerá por si própria, o dinheiro tornar-se-á supérfluo e a produção aumentará tanto e os homens transformar-se-ão tanto, que poderão igualmente tombar as últimas formas de intercâmbio da antiga sociedade”. (Novembro 1847)

Texto escrito por Letícia e Profa. Clarissa. 

APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR.


1. (Unicamp 2011) A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por ilusões religiosas.

A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário, são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua consciência. (Adaptado de K. Marx e F. Engels, Obras escolhidas. São Paulo: AlfaÔmega, s./d., vol 1, p. 21-23, 301-302.0

As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao pensamento conhecido como

a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas a partir de ideias universais independentes da realidade histórica e social.
b) materialismo histórico, que concebe a história a partir da luta de classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações de produção.
c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do proletariado.
d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da ação direta.


2. (Mackenzie) Os primeiros socialistas, ao formularem profundas críticas ao progresso industrial, estavam ainda impregnados de valores liberais. Atacando os grandes proprietários, mas tendo, em geral, muita estima pelos pequenos, esses teóricos acreditavam que pudesse haver um acordo entre as classes.
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo

Os historiadores acima estão se referindo aos:

a) socialistas científicos.
b) socialistas utópicos.
c) anarquistas.
d) marxistas.
e) socialistas liberais.

3. (Puc-MG) O chamado socialismo científico, formulado por Marx e Engels no século XIX, propunha:

a) a superação do capitalismo pela ação revolucionária dos trabalhadores, aglutinados em torno da Internacional Socialista.
b) a redução do papel do Estado na economia para efetivar o controle direto pelo proletariado sobre os meios de produção.
c) a supressão de toda legislação trabalhista e social, tida como mecanismo de alienação e cooptação do proletariado.
d) a realização de sucessivas reformas na estrutura capitalista, possibilitando a gradativa implantação do comunismo avançado.

GABARITO:

1) B
2) B
3) A

O iluminismo (XVIII)


O Iluminismo foi um processo longo do qual as transformações culturais iniciadas no Renascimento prosseguiram e se estenderam pelo século XVII e século XVIII, este movimento intelectual que surgiu na Europa, defendia o uso da razão (racionalismo) para compreensão das relações sociais, econômicas e políticas, afastando-se do modo de pensar medieval centralizado em ideais teocentristas, o que também viabilizou o desenvolvimento da ciência.
O Iluminismo promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade solidificados nas revoluções burguesas do século XVIII. Tais ideais solidificaram-se através da democracia, do liberalismo econômico, da liberdade de culto e pensamento e da igualdade de direitos. As críticas dos iluministas ao Antigo Regime eram em vários aspectos como: o mercantilismo, o absolutismo monárquico, o poder da igreja e as verdades reveladas pela fé, os privilégios feudais, a hereditariedade da propriedade, etc. Em oposição a os ideais tradicionais os iluministas ditaram os rumos das revoluções burguesas através da defesa da liberdade econômica sem a intervenção do Estado na economia, do direito de compra e venda da propriedade privada, do Estado respaldado no contrato social, entre outras ideias que motivaram novas formas de pensar o mundo.

Alguns dos principais pensadores iluministas foram:

Montesquieu (1689-1755) – Defendia a divisão de poderes em executivo, legislativo e judiciário. Sua obra principal foi “O espírito das leis”. 
Voltaire (1694-1778) – Critico da religião e da Monarquia, Voltaire não aceitava a união entre a Igreja e o Estado prevista no modelo absolutista. Sua principal obra foi “Cartas Inglesas”.Diderot (1713-1784) e D’Alembert (1717-1783) - Escreveram juntos a primeira enciclopédia.
Rousseau (1712-1778) – o Filósofo que inspirou a Revolução francesa, sobretudo a bandeira dos jacobinos através da defesa da democracia como forma de superação das desigualdades sociais e garantia da participação política para todos. Sua principal obra foi “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”.

Os Déspotas Esclarecidos

Com o avanço dos ideais iluministas alguns monarcas absolutistas buscaram maneiras para impedir o avanço das revoluções burguesas através da realização de reformas sociais e econômicas a fim de modernizar seus países sem abrir mão do poder. Estes monarcas ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos.
Os déspotas esclarecidos foram reis que aderiram as idéias iluministas, criando uma legislação favorável ao comércio e à produção manufatureira com o objetivo de fortalecer a burguesia e ao mesmo tempo manter-se no poder. Outras medidas giravam em torno da criação de escolas laicas (não religiosas), da assinatura de decretos pela liberdade de culto afim de reduzir os privilégios do clero católico.Essas reformas duraram, normalmente, apenas o período correspondente ao governo de cada um dos monarcas, sendo anuladas pelos seus sucessores.



Os principais déspotas esclarecidos:

Frederico II, rei da Prússia (1712-1786): desenvolveu a agricultura, aboliu a tortura nos interrogatórios, fundou escolas e organizou um grande exército expandindo seus domínios sobre territórios que antes pertenciam à Áustria e à Polônia.
Catarina II, czarina da Rússia (1762-1796): criou escolas, hospitais e esforçou-se por introduzir as idéias dos filósofos franceses em seu país.
Jose II, imperador da Áustria (1780-1790): reduziu o poder da Igreja, confiscando muitas terras. Libertou servos, aboliu as obrigações feudais e organizou o exército.
Marquês de Pombal (1699-1782): ministro do rei Dom Jose I de Portugal, Pombal expulsou os jesuítas do Brasil, reformando o sistema de ensino retirando as escolas do controle das ordens religiosas. incentivou o comércio e as manufaturas e fortaleceu o poder real na colônia. 
Conde de Arandas (1719-1798): ministro do rei Carlos III da Espanha, incentivou o desenvolvimento econômico do país e executou reformas administrativas que fortaleceram o poder real.

Texto escrito por Mariana Alecrim

VÍDEO AULA: 
https://www.youtube.com/watch?v=brwEnPKC6a0

APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR.


1)(Fuvest) Sobre o chamado despotismo esclarecido é correto afirmar que



a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias européias, tendo por característica a utilização dos princípios do Iluminismo.
b) foram os déspotas esclarecidos os responsáveis pela sustentação e difusão das ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.


c) foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias europeias reformarem estruturalmente seus Estados.
d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas.
e) foi uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, de algumas monarquias reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.

GABARITO: [E]

2)(UFPR 2010) A respeito do iluminismo, movimento filosófico que se difundiu pela Europa ao longo do século XVIII, considere as seguintes afirmativas:



1) Muitos filósofos franceses, entre eles Montesquieu, Voltaire e Diderot, foram leitores, admiradores e divulgadores da filosofia política produzida pelos ingleses, como John Locke com sua crítica ao absolutismo.
2) Quanto à organização do Estado, os filósofos iluministas não eram contra a monarquia, mas contra as ideias de que o poder monárquico fora constituído pelo direito divino e de que ele não poderia ser submetido a nenhum freio.
3) A descoberta da perspectiva e a valorização de temas religiosos marcaram as expressões artísticas durante o iluminismo.
4) Em Portugal, o pensamento iluminista recebeu grande impulso das descobertas marítimas.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

GABARITO [B]

3) (Mackenzie) Sobre o iluminismo, é correto afirmar que:

a) defendia a doutrina de que a soberania do Estado absolutista garantiria os direitos individuais e eliminaria os resquícios feudais ainda existentes.b) propunha a criação de monopólios estatais e a manutenção da balança de comércio favorável, para assegurar o direito de propriedade.
c) criticava o mercantilismo, a limitação ao direito à propriedade privada, o absolutismo e a desigualdade de direitos e deveres entre os indivíduos.
d) acreditava na prática do entesouramento como meio adequado para eliminar as desigualdades sociais e garantir as liberdades individuais.
e) consistia na defesa da igualdade de direitos e liberdades individuais, proporcionada pela influência da Igreja Católica sobre a sociedade, através da educação.

GABARITO [C]

4)(Ufv) O século XVIII é conhecido como o "século das luzes". Durante aquele período, as realizações no campo da filosofia, das letras e da ciência alimentavam esperanças de que a razão humana pudesse remodelar as instituições sociais e políticas, eliminando as injustiças e as superstições. Por DESPOTISMO ILUSTRADO entende-se:

a) o novo conjunto de ideias filosóficas, políticas e sociais que emergem durante os séculos XVII e XVIII como crítica ao Estado absoluto.


b) um estilo de governo, em voga entre os "reis filósofos" do século XVIII, que pretendia reformar "pelo alto" as instituições consideradas antiquadas.
c) o mesmo que liberalismo, defendendo a ampliação dos direitos civis e liberdades políticas dos cidadãos.
d) a eliminação, na filosofia e na ciência, de toda explicação ou argumento de fundo religioso, mágico ou metafísico.
e) as formas de governo características de países do Oriente como a Pérsia, a Índia e a China

GABARITO [B]

SITES DE PESQUISA:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo
http://www.historiamais.com/iluminismo.htm
http://evanesloko.no.comunidades.net/index.php?pagina=1444550949

Revoltas nativistas no Brasil


O modelo de colonização de exploração ocorrido no Brasil determinou que a metrópole extraísse o máximo de riquezas do nosso vasto território. Com isso, a consolidação do pacto colonial foi de grande importância para que Portugal alcançasse o objetivo de enriquecer o seu Estado Nacional através da construção de um vasto império ultramarino. Sob a ótica do pacto colonial, os colonos vendiam a matéria-prima produzida na Colônia para a metrópole, enquanto esta revendia as mercadorias manufaturadas na Europa. Não havia permissão da metrópole para que a colônia desenvolvesse manufaturas muito menos comercializasse com outro país. No que se refere a dominação colonial, os colonizadores impunham impostos e uma rígida fiscalização para manter o controle da colônia. Em resposta, alguns colonos passaram a se organizar exigindo a reforma das relações coloniais. O revisionismo histórico pontua uma elasticidade no pacto colonial, sobretudo no Rio de Janeiro, no entanto este fato não anulou o surgimento das revoltas nativistas durante o século XVII cujo objetivo era reduzir o controle da metrópole sob a colônia e ampliar as relações comerciais, sobretudo obter certa autonomia comercial. É importante destacar que o conceito nativista não implica no surgimento de um sentimento nacionalista, e sim de rebeliões que partiram dos colonos.
Mesmo se mostrando descontentes, muitos dos revoltosos eram oriundos da elite e, por isso, não tinham interesse em elaborar uma transformação profunda nas instituições coloniais, pois a elite colonial, ao mesmo tempo em que, desejava a expulsão das autoridades lusitanas, não queria o fim dos privilégios políticos e econômicos que possuía na colônia. 

Acima o mapa com a localização e as principais revoltas nativistas

As principais revoltas nativitas ocorridas na colônia durante o século XVII foram:

§ REVOLTA DE BECKMAN (1684, MARANHÃO): Com crise da produção de açúcar ocasionada pela saída dos holandeses do Brasil, o que determinou a estagnação econômica da região. O conflito entre os colonos e a metrópole teve inicio após a criação da Companhia do Comércio do Estado do Maranhão de administração portuguesa cujo objetivo era comprar os gêneros agrícolas da região, vender produtos manufaturados e suprir as elites coloniais com um carregamento anual de quinhentos escravos ampliando os lucros da metrópole prejudicando o interesse dos colonos. Liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, a revolta exigia a melhora das relações entre Maranhão e Portugal. A revolta foi reprimida com violência.

§ GUERRA DOS EMBOABAS (1708 - 1709): Os bandeirantes paulistas, primeiros descobridores das jazidas de ouro, lutavam pelo direito de explorar a região contra os emboabas, que eram forasteiros portugueses e imigrantes das demais partes do Brasil, vindos de outras capitanias que também desejavam explorar o ouro nas minas. Inicialmente os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas. Em represália, organizaram um ataque mais forte, com uma tropa de mais ou menos 1 300 homens, porém não chegaram a Minas Gerais. Tudo isso favoreceu os emboabas, fazendo com que os paulistas perdessem várias minas, obrigando-os a procurarem novas reservas de ouro. Após a Guerra dos Emboabas, a região passou a ser controlada diretamente pela metrópole. Assim, foram estabelecidas normas que passaram a regulamentar a repartição de lavras entre paulistas e estrangeiros, além da cobrança do quinto, um imposto sobre todas as riquezas geradas pelo ouro.

§ GUERRA DOS MASCATES (1711): A definitiva expulsão dos holandeses em 1654 havia deixado Pernambuco em uma grave situação econômica, pois todo o investimento na extração do açúcar foi abalado com a baixa do produto no cenário internacional. Os olindenses, que controlavam o produto, perderam seus lucros com o domínio holandês do açúcar das Antilhas, fazendo com que aumentasse a concorrência e quebrasse o monopólio pernambucano. Recife - região vizinha e politicamente subordinada à Olinda - era considerada o principal polo de desenvolvimento econômico de Pernambuco. O comércio da cidade trazia grandes lucros aos portugueses, que controlavam a atividade comercial da região. Essa posição favorável tinha como motivação as diversas melhorias empreendidas com a colonização holandesa, que havia transformado a cidade no principal centro administrativo do Estado. Com o passar do tempo, a divergência da situação política e econômica entre os fazendeiros de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife criou uma tensão local. Inicialmente, os senhores de engenho de Olinda, estavam com dificuldades para investir no negócio açucareiro e pediram empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife. Contudo, a partir da deflagração da crise açucareira, muitos senhores de engenho acabaram não tendo condições de honrar seus compromissos. A guerra gerou um conflito no Estado de Pernambuco entre os comerciantes de Recife e os latifundiários de Olinda para determinar quem detinha o poder central do Estado. A guerra foi interrompida no momento em que a Coroa Portuguesa indicou, em 1711, a nomeação de um novo governante que teria como principal missão estabelecer um ponto final ao conflito. Félix José de Mendonça, novo governador, apoiou os mascates portugueses e determinou a prisão de todos os latifundiários olindenses envolvidos com a guerra. Visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades.

§ REVOLTA DE FELIPE DOS SANTOS (1720): Ocorreu entre mineiros e escravos em Vila Rica foi uma revolta contra a rigorosa política fiscal e opressiva tribulação imposta pela metrópole sob a exploração do ouro. A causa imediata foi a criação das Casas de Fundição onde 20% do ouro extraído era confiscado como imposto à Portugal. O grupo, liderado por Filipe dos Santos, reivindicava o fechamento das casas de fundição. A revolta levou as tropas portuguesas a se organizassem contra os revoltosos. No dia 14 de julho iniciou-se o conflito que prendeu vários participantes e condenou Filipe dos Santos à morte e ao esquartejamento.

RESUMINDO:



Texto escrito por Isabelle Ferraz 



APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR:

1) (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como:

a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos;
b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política;
c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam alguns aspectos da política econômica de dominação do governo português;
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano.
e) manifestações separatistas de ideologia liberal contrárias ao domínio português.

Gabarito: Letra C

2) (Unibero-SP) A Guerra dos Emboabas (1707-1709) e a Inconfidência Mineira (1789) foram revoltas ocorridas no Brasil. Sobre elas, assinale a alternativa correta:

a) Ambas tinham o objetivo de separar o Brasil de Portugal e ocorreram na região da mineração.
b) A primeira e considerada uma revolução separatista e mais radical do que a segunda, tendo ocorrido na região de São Paulo e liderada pelos Bandeirantes.
c) Tanto a primeira como a segunda foram influenciadas pelas ideias iluministas e pela independência das Treze Colônias inglesas, mas só a segunda teve êxito nos seus objetivos.
d) A primeira foi bem-sucedida, garantindo aos paulistas a posse da região da mineração, enquanto a segunda foi reprimida pela Coroa portuguesa antes de acontecer.
e) Ambas ocorreram na mesma região do Brasil, contra a dominação portuguesa na área da mineração, no entanto, somente a segunda teve influência das ideias iluministas europeias.

Gabarito: Letra E

3) (Fuvest) A elevação de Recife à condição de vila; os protestos contra a implantação das Casas de Fundição e contra a cobrança de quinto; a extrema miséria e carestia reinantes em Salvador, no final do século XVIII, foram episódios que colaboraram, respectivamente, para as seguintes sublevações coloniais:

a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira e Conjura dos Alfaiates.
b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e Revolta dos Malês.
c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mineira e Revolta do Maneta.
d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos Santos e Revolta dos Malês.
e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e Conjura dos Alfaiates.

Gabarito: Letra E


SITES DE PESQUISA:

http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-dos-emboabas.htm
http://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_de_beckman.htm
http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/revoltas-nativistas/
http://profedu.blogspot.com.br/2007/05/blog-post_28.html
http://exercicios.brasilescola.com/historia-do-brasil/exercicios-sobre-as-revoltas-nativistas.htm#resposta-1239

BIBLIOGRAFIA: 

Livro de História - Ser Protagonista (Ensino Médio)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Os diferentes tipos de colonização na América

UM RESUMO DOS DIFERENTES TIPOS DE COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA

I) A COLONIZAÇÃO INGLESA NA AMÉRICA DO NORTE:

Mapa das Treze Colônias

A colonização inglesa se concentrou na América do Norte. No final do século XVI, os ingleses queriam conquistar novas terras investindo na construção naval e na política mercantilista para acumular riquezas. 
Em 1607, o navio MayFlower chegou na América do Norte, na atual região do Estado de Virginia, onde foi fundada a primeira colônia inglesa. O grande movimento migratório para a América do Norte levou a formação das Treze Colônias e esteve em grande parte relacionado a guerra civil que se instaurou entre católicos e protestantes. Os colonos ingleses que se instalaram na América do Norte desejavam reconstruir a vida que tinham na Inglaterra nas novas terras colônias devido a semelhança do clima e proximidade geográfica, o que justificou um tipo de colonização diferenciado que misturou colônias de povoamento e exploração.
Além disso, a própria Inglaterra contribuiu com a autonomia colonial através da chamada negligência salutar, visto que os lucros com a pirataria e a produção de manufaturas em si contribuíram para a concentração de capitais e o crescimento da burguesia inglesa.
As Treze Colônias possuíam características de colonização diferentes. As colônias do sul ficaram conhecidas como colônias de exploração, onde os colonos investiam na produção de matéria-prima através da monocultura, plantação em latifúndio utilização de mão de obra escrava obedecendo as características do plantion. A diferença entre as colônias de exploração do sul e as colônias portuguesas estava na inexistência do Pacto Colonial, visto que independente do tipo de colonização as Treze Colônias participavam ativamente do Comércio Triangular.

No mapa segue a ilustração do Comércio Triangular. As Treze Colônias enviavam para Europa matéria-prima como tabaco, café, açúcar e algodão, além de manufaturas como o rum; os Europeus enviavam manufaturas para África em troca de escravos e os revendia para as Treze Colônias.

Já as colônias do norte predominou a colonização de povoamento, onde a intenção dos colonos foi reconstruir a vida que tinham na Inglaterra após saírem do país devido à perseguição religiosa. A característica principal das colônias do norte era a presença de protestantes buscando uma nova terra onde existisse mais tolerância religiosa. A colonização de povoamento contribuiu para o surgimento de um sentimento nacionalista e de pertencimento à terra, na medida em que buscou a autonomia econômica e política através da ausência do pacto colonial, da divisão de terras em minifúndios e da produção policultora e diversificada de alimentos e matéria-prima, o que possibilitou a troca, o desenvolvimento do comércio interno, a produção de manufaturas e posteriormente a industrialização.
A colonização inglesa diferenciou-se, em muitos aspectos, da colonização exercida na América Portuguesa e Espanhola devido à negligência da metrópole com o pacto colonial. Enquanto nas colônias britânicas do norte a autonomia colonial contribuiu o desenvolvimento econômico, os portugueses na América optaram por uma prática mercantilista monopolista com a ambição de explorar as riquezas para serem exportadas para metrópole a um preço mais baixo e revendidas na Europa a preços altos. O exemplo das colônias inglesas demonstra que não é apenas o tipo de colonização que define o desenvolvimento econômico e político da colônia, e sim a ação do pacto colonial, que sob as regras do monopolia contribuiu para o atraso e a falta de autonomia colonial.

Fique por dentro áreas que integraram as Treze Colônias:

As Colônias do Norte ou Nova Inglaterra .

§ Província de New Hampishire mais tarde o Estado de New Hampshire.
§ Província da Baía de Massachusetts mais tarde os Estados de Massachusetts e Maine.
§ Colônia de Rhode Island mais tarde o Estado de Rhode Island
§ Colônia de Connecticut mais tarde o Estado de Connecticut

As Colônias Centrais: 

§ Província de Nova Iorque mais tarde os Estados de Nova Iorque e Vermont.
§ Província de Nova Jérsei mais tarde o Estado de Nova Jérsei.
§ Província de Pensilvânia mais tarde o Estado de Pensilvânia.
§ Colônias de Delaware mais tarde o Estado de Delaware.

As Colônias do Sul:

§ Província de Maryland mais tarde o Estado de Maryland.
§ Colônia de Domínio da Virgínia mais tarde os Estados de Virgínia, Kentucky e Virgínia do Oeste.
§ Província da Carolina do Norte mais tarde os Estados de Carolina do Norte e Tennessee.
§ Província da Carolina do Sul mais tarde o Estado de Carolina do Sul.
§ Província da Geórgia mais tarde o Estado de Geórgia.

II) A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA:

Os espanhóis, assim como os portugueses, foram pioneiros na expansão marítima em busca de novas terras. A chegada dos espanhóis na América Central em 1492 com Cristóvão Colombo determinou o encontro de culturas muito diferentes e ao mesmo tempo em estágio de civilização muito próximos. Os indígenas que habitavam a América Central e as áreas Andinas desenvolveram grandes impérios e dominavam metais, além de terem um acumulo de ouro, prata e pedras preciosas, o que na linguagem mercantilista significava enriquecimento imediato.

Mapa da distribuição geográfica dos povos pré-colombianos antes da chegada dos europeus na América. Os grandes impérios que se perderam após o encontro com espanhóis foram os incas e os astecas.

A colonização espanhola contribuiu para o genocídio indígena devido a existência de metais preciosos e a diferença cultural. Os indígenas que sobreviveram ficaram reféns do trabalho compulsório nas minas e fazendas (mita e encominda), além de terem sido vitimas da catequização sofrendo um triste processo de assimilação cultural. 
A colonização espanhola na América obedeceu ao modelo de exploração sob a rígida existência do Pacto Colonial e do monopólio da metrópole sob as riquezas existentes na colônia.

Mapa com a divisão de Vice-reinos e Capitanias Gerais que compunham a ordem administrativa das colônias espanholas na América.

O controle administrativo da coroa espanhola era feito a partir das Audiências, do Vice-Reinado e das Capitanias Gerais. As Audiências eram instituições de competência administrativa, judiciária e fiscalizadora instalados nos principais centros da colônia. Os Vice-Reinados e as Capitanias Gerais foram instalados para aumentar o monopólio real sob a mineração e produção agrícola. A Casa de Contratação garantia o monopólio e a cobrança do quinto (imposto) sobre as atividades econômicas realizadas na colônia. 
A administração colonial ficava nas mãos dos altos funcionários que eram espanhóis enviados pela coroa chamados de chapetones; os crioulos eram os colonos nascidos na América donos de propriedades de terras, de minas ou grandes comerciantes. Os mestiços que eram os filhos de espanhóis com indígenas ou os mulatos que eram filhos de espanhóis com negros ou filhos de índios com negros realizavam os trabalhos subalternos, e no fim da pirâmide social estavam os indígenas e os africanos na condição de escravos.

A Pirâmide Social apresenta as hierarquias na colônia espanhola

A mineração era a atividade principal da colônia. Os espanhóis descobriram minas na Bolívia, México, Argentina, Chile e Paraguai. Com o declínio das atividades mineradoras, as haciendas se consolidaram como centro da economia colonial. As haciendas obedecia ao modelo plantation, sendo caracterizada como uma grande propriedade rural monocultora de produtos tropicais voltados para o abastecimento da colônia e exportação, com utilização do trabalho escravo indígena ou africano. 
O processo de colonização dos espanhóis na América se diferenciou da colonização inglesa tanto na organização colonial, como nos objetivos econômicos e no próprio modelo de colonização, como podemos observar no esquema abaixo:

O esquema apresenta diferenças entre a colonização espanhola e inglesa na América.

A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA:

Em 1500 a expedição do português Pedro Álvares Cabral desembarcou na América onde hoje é o Brasil, precisamente em Porto Seguro. Muitos historiadores já comprovaram o conhecimento dos portugueses das terras brasileiras, tendo Pedro Álvares Cabral a missão de consolidar os domínios colônias portugueses definidos após o Tratado de Tordesilhas assinado em 1494.

Mapa apresenta os limites do Tratado de Tordesilhas assinado entre Espanha e Portugal para delimitar os domínios coloniais entre as duas potencias marítimas durante o século XV

Diferente dos espanhóis, os portugueses ao chegarem no Brasil encontraram com populações indígenas seminômades coletoras que não dominavam metais, mas possuíam um vasto conhecimento da rica fauna e flora das terras que habitavam. Com o lucro das especiarias vindas da Índia, inicialmente os portugueses realizaram expedições exploratórias e encontram o pau-brasil que possuía grande valor na Europa, o que levou a intensa exploração da árvore que servia como corante vermelho para tecidos. Todo trabalho era realizado com a mão de obra indígena através do trabalho compulsório sob a justificativa do escambo. Os indígenas extraíam o pau-brasil em troca de quinquilharias, ou seja, objetos por eles desconhecidos, tais como: espelhos quebrados, facas, panelas e etc.

Trabalho compulsório realizado por indígenas na extração de pau-brail. Ao fundo portugueses trocam o pau-brasil por quinquilharias.

O período inicial de colonização portuguesas no Brasil ficou conhecido como pré-colonial, sendo datado do ano de 1500-1530. Neste momento não houve a efetivação da colonização pelos portugueses. O Brasil se caracterizava como uma rota de abastecimento. Feitorias – armazéns que guardavam armas, alimentos e mercadorias; estavam espalhadas pela costa.Com esta política o Brasil sofria ameaças de invasões constantes de demais países que ficaram de fora do Tratado de Tordesilhas. Os franceses, interessados no pau-brasil e no domínio de novas terras tentaram invadir o Brasil em 1555 no Rio de Janeiro – França Antártica, e 1594 no Maranhão – França Equinocial.
A ameaça de invasões a colônia portuguesa na América determinou uma mudança de estratégia, o que levou a consolidação do modelo de exploração através da introdução do plantation para produção de açúcar, da divisão do território em capitanias hereditárias e do domínio exercido pelo exclusivismo colonial.
Em 1532 Martim Afonso de Sousa fundou a primeira vila de ocupação, instalou o primeiro engenho de açúcar, e explorou a costa em busca de metais preciosos. Diante do insucesso com os metais preciosos que não foi encontrado então a coroa decidiu pela implantação das capitanias hereditárias, dividindo o território em 15 capitanias que foram dadas a donatários como forma de ocupação das terras, defesa e produção de açúcar. As terras poderiam ser doadas como sesmarias, mas nunca vendidas. De todas as capitanias apenas duas prosperaram: Pernambuco e São Vicente.

O mapa acima apresenta a divisão do Brasil em capitanias hereditárias e os respectivos donatários.

É importante observar que a escolha pelo plantio de açúcar como economia monocultora esteve associado ao conhecimento do cultivo pelos portugueses nas colônias da África e pela grande lucratividade desta especiaria na Europa. No entanto, ficava sob a responsabilidade do donatário a instalação dos engenhos, a segurança da capitania e todo custo com a produção do açúcar. Este fator somado aos constates ataques indígenas a colonização portuguesa determinou o insucesso da maioria das capitanias.
Sob o trabalho escravo, os indígenas passaram a ser substituídos pelos africanos trazidos da África pelo lucrativo tráfico de escravos para trabalhar nos engenhos de açúcar. A Igreja passou a proibir a escravidão devido ao interesse de catequizar os indígenas como forma de minimizar a resistência e as guerras. A própria metrópole havia autorizado o decreto de guerras justas, autorizando os colonos a matar os indígenas em cão de invasão ou ataque, independente da tutela da Igreja. 
Pelo conhecimento dos indígenas do interior do território, muitos auxiliaram os portugueses no processo de interiorização que ocorreu com as bandeiras, pecuária e drogas do sertão. Mas essa já é outra história...

Iconografia retirada da obra de Gilberto Freire “Casa Grande e Senzala”, apresenta a organização dos engenhos no Brasil.

Imagem de Rugendas demonstra os africanos em condição de escravidão trabalhando nos engenhos. Acima os escravos estão moendo a cana de açúcar.

Texto escrito por Gabriela Maretti e Profa. Clarissa F. do Rêgo Barros

APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR.

1) (Fatec) Dentre as características gerais do período pré-colonizador destaca-sea) o grande interesse pela terra, pois as comunidades primitivas do nosso litoral produziam excedentes comercializados pela burguesia mercantil portuguesa.
b) o extermínio de tribos e a escravização dos nativos, efeitos diretos da ocupação com base na grande lavoura.
c) a montagem de estabelecimentos provisórios em diferentes pontos da costa, onde eram amontoadas as toras de pau-brasil, para serem enviadas à Europa.
d) a distribuição de lotes de terras a fidalgos e funcionários do Estado português, copiando-se a experiência realizada em ilhas do Atlântico.
e) a implantação da agromanufatura açucareira, iniciada com construção do Engenho do Senhor Governador, em 1533, em São Vicente.

2) Sobre a colonização inglesa na América do Norte:

a) estabeleça sua conexão com os desdobramentos da Reforma Protestante da Inglaterra;
b) explique por que na região sul se originou uma organização socioeconômica diferente da do norte.

3) A mineração foi a atividade econômica mais importante da América Espanhola durante o período colonial. Múltiplos fatores condicionaram a formação e a decadência dos complexos mineradores do altiplano andino e do planalto mexicano. Assinale a modalidade de mão-de-obra que predominou nas minas de prata dos referidos complexos, durante os séculos XVI e XVII.
a) Indígena, submetida ao trabalho compulsório.
b) Negra, submetida ao trabalho escravo.
c) Européia, no regime de trabalho assalariado.
d) Indígena, adaptada ao trabalho livre.
e) Indígena, no regime de trabalho voluntário.
Gabarito

1- C
2- a) Com a Reforma Protestante teve inicio na Inglaterra uma guerra civil entre católicos e protestantes, o que determinou a imigração de protestantes para a América do Norte.
b) O norte optou por uma colonização de povoamento devido ao grande número de colonos protestante que queriam reconstruir a vida nas novas terras, enquanto no sul a colonização se caracterizou pela tipo de exploração que obedecia o modelo plantation de monocultura, latifúndio, escravidão e exportação.
3- A