sábado, 22 de junho de 2013

Revoltas nativistas no Brasil


O modelo de colonização de exploração ocorrido no Brasil determinou que a metrópole extraísse o máximo de riquezas do nosso vasto território. Com isso, a consolidação do pacto colonial foi de grande importância para que Portugal alcançasse o objetivo de enriquecer o seu Estado Nacional através da construção de um vasto império ultramarino. Sob a ótica do pacto colonial, os colonos vendiam a matéria-prima produzida na Colônia para a metrópole, enquanto esta revendia as mercadorias manufaturadas na Europa. Não havia permissão da metrópole para que a colônia desenvolvesse manufaturas muito menos comercializasse com outro país. No que se refere a dominação colonial, os colonizadores impunham impostos e uma rígida fiscalização para manter o controle da colônia. Em resposta, alguns colonos passaram a se organizar exigindo a reforma das relações coloniais. O revisionismo histórico pontua uma elasticidade no pacto colonial, sobretudo no Rio de Janeiro, no entanto este fato não anulou o surgimento das revoltas nativistas durante o século XVII cujo objetivo era reduzir o controle da metrópole sob a colônia e ampliar as relações comerciais, sobretudo obter certa autonomia comercial. É importante destacar que o conceito nativista não implica no surgimento de um sentimento nacionalista, e sim de rebeliões que partiram dos colonos.
Mesmo se mostrando descontentes, muitos dos revoltosos eram oriundos da elite e, por isso, não tinham interesse em elaborar uma transformação profunda nas instituições coloniais, pois a elite colonial, ao mesmo tempo em que, desejava a expulsão das autoridades lusitanas, não queria o fim dos privilégios políticos e econômicos que possuía na colônia. 

Acima o mapa com a localização e as principais revoltas nativistas

As principais revoltas nativitas ocorridas na colônia durante o século XVII foram:

§ REVOLTA DE BECKMAN (1684, MARANHÃO): Com crise da produção de açúcar ocasionada pela saída dos holandeses do Brasil, o que determinou a estagnação econômica da região. O conflito entre os colonos e a metrópole teve inicio após a criação da Companhia do Comércio do Estado do Maranhão de administração portuguesa cujo objetivo era comprar os gêneros agrícolas da região, vender produtos manufaturados e suprir as elites coloniais com um carregamento anual de quinhentos escravos ampliando os lucros da metrópole prejudicando o interesse dos colonos. Liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, a revolta exigia a melhora das relações entre Maranhão e Portugal. A revolta foi reprimida com violência.

§ GUERRA DOS EMBOABAS (1708 - 1709): Os bandeirantes paulistas, primeiros descobridores das jazidas de ouro, lutavam pelo direito de explorar a região contra os emboabas, que eram forasteiros portugueses e imigrantes das demais partes do Brasil, vindos de outras capitanias que também desejavam explorar o ouro nas minas. Inicialmente os paulistas sofreram várias derrotas e foram obrigados a abandonar muitas minas. Em represália, organizaram um ataque mais forte, com uma tropa de mais ou menos 1 300 homens, porém não chegaram a Minas Gerais. Tudo isso favoreceu os emboabas, fazendo com que os paulistas perdessem várias minas, obrigando-os a procurarem novas reservas de ouro. Após a Guerra dos Emboabas, a região passou a ser controlada diretamente pela metrópole. Assim, foram estabelecidas normas que passaram a regulamentar a repartição de lavras entre paulistas e estrangeiros, além da cobrança do quinto, um imposto sobre todas as riquezas geradas pelo ouro.

§ GUERRA DOS MASCATES (1711): A definitiva expulsão dos holandeses em 1654 havia deixado Pernambuco em uma grave situação econômica, pois todo o investimento na extração do açúcar foi abalado com a baixa do produto no cenário internacional. Os olindenses, que controlavam o produto, perderam seus lucros com o domínio holandês do açúcar das Antilhas, fazendo com que aumentasse a concorrência e quebrasse o monopólio pernambucano. Recife - região vizinha e politicamente subordinada à Olinda - era considerada o principal polo de desenvolvimento econômico de Pernambuco. O comércio da cidade trazia grandes lucros aos portugueses, que controlavam a atividade comercial da região. Essa posição favorável tinha como motivação as diversas melhorias empreendidas com a colonização holandesa, que havia transformado a cidade no principal centro administrativo do Estado. Com o passar do tempo, a divergência da situação política e econômica entre os fazendeiros de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife criou uma tensão local. Inicialmente, os senhores de engenho de Olinda, estavam com dificuldades para investir no negócio açucareiro e pediram empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife. Contudo, a partir da deflagração da crise açucareira, muitos senhores de engenho acabaram não tendo condições de honrar seus compromissos. A guerra gerou um conflito no Estado de Pernambuco entre os comerciantes de Recife e os latifundiários de Olinda para determinar quem detinha o poder central do Estado. A guerra foi interrompida no momento em que a Coroa Portuguesa indicou, em 1711, a nomeação de um novo governante que teria como principal missão estabelecer um ponto final ao conflito. Félix José de Mendonça, novo governador, apoiou os mascates portugueses e determinou a prisão de todos os latifundiários olindenses envolvidos com a guerra. Visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades.

§ REVOLTA DE FELIPE DOS SANTOS (1720): Ocorreu entre mineiros e escravos em Vila Rica foi uma revolta contra a rigorosa política fiscal e opressiva tribulação imposta pela metrópole sob a exploração do ouro. A causa imediata foi a criação das Casas de Fundição onde 20% do ouro extraído era confiscado como imposto à Portugal. O grupo, liderado por Filipe dos Santos, reivindicava o fechamento das casas de fundição. A revolta levou as tropas portuguesas a se organizassem contra os revoltosos. No dia 14 de julho iniciou-se o conflito que prendeu vários participantes e condenou Filipe dos Santos à morte e ao esquartejamento.

RESUMINDO:



Texto escrito por Isabelle Ferraz 



APROFUNDANDO OS ESTUDOS: QUESTÕES DE VESTIBULAR:

1) (UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como:

a) movimentos isolados em defesa de ideias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos;
b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política;
c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam alguns aspectos da política econômica de dominação do governo português;
d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas, contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano.
e) manifestações separatistas de ideologia liberal contrárias ao domínio português.

Gabarito: Letra C

2) (Unibero-SP) A Guerra dos Emboabas (1707-1709) e a Inconfidência Mineira (1789) foram revoltas ocorridas no Brasil. Sobre elas, assinale a alternativa correta:

a) Ambas tinham o objetivo de separar o Brasil de Portugal e ocorreram na região da mineração.
b) A primeira e considerada uma revolução separatista e mais radical do que a segunda, tendo ocorrido na região de São Paulo e liderada pelos Bandeirantes.
c) Tanto a primeira como a segunda foram influenciadas pelas ideias iluministas e pela independência das Treze Colônias inglesas, mas só a segunda teve êxito nos seus objetivos.
d) A primeira foi bem-sucedida, garantindo aos paulistas a posse da região da mineração, enquanto a segunda foi reprimida pela Coroa portuguesa antes de acontecer.
e) Ambas ocorreram na mesma região do Brasil, contra a dominação portuguesa na área da mineração, no entanto, somente a segunda teve influência das ideias iluministas europeias.

Gabarito: Letra E

3) (Fuvest) A elevação de Recife à condição de vila; os protestos contra a implantação das Casas de Fundição e contra a cobrança de quinto; a extrema miséria e carestia reinantes em Salvador, no final do século XVIII, foram episódios que colaboraram, respectivamente, para as seguintes sublevações coloniais:

a) Guerra dos Emboabas, Inconfidência Mineira e Conjura dos Alfaiates.
b) Guerra dos Mascates, Motim do Pitangui e Revolta dos Malês.
c) Conspiração dos Suassunas, Inconfidência Mineira e Revolta do Maneta.
d) Confederação do Equador, Revolta de Felipe dos Santos e Revolta dos Malês.
e) Guerra dos Mascates, Revolta de Felipe dos Santos e Conjura dos Alfaiates.

Gabarito: Letra E


SITES DE PESQUISA:

http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-dos-emboabas.htm
http://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_de_beckman.htm
http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/revoltas-nativistas/
http://profedu.blogspot.com.br/2007/05/blog-post_28.html
http://exercicios.brasilescola.com/historia-do-brasil/exercicios-sobre-as-revoltas-nativistas.htm#resposta-1239

BIBLIOGRAFIA: 

Livro de História - Ser Protagonista (Ensino Médio)

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