A Reforma
Protestante foi um movimento religioso de contestação à Igreja Católica, que
resultou na fragmentação da unidade cristã e na origem do protestantismo.
Durante o século
XVI, no processo de difusão da Reforma Protestante, houve uma grande
diversidade entre os movimentos religiosos reformadores. Ao mesmo tempo em que compartilhavam
pontos em comum como a crítica e ruptura com a Igreja Católica, os grupos
protestantes se diversificaram, espalhando-se por diferentes regiões da Europa
e defendendo doutrinas distintas.
O contexto
histórico que justifica o surgimento de críticas à Igreja Católica está em
ações que a afastavam da atitude religiosa, apontando para um interesse maior
deste setor na economia e na política. A Igreja cobrava impostos da sociedade,
muitos padres e religiosos descumpriam os celibatos e ganhavam cargos por
nomeação, as indulgências justificavam a compra do perdão e uma vaga no céu, e
o papa colecionava relíquias religiosas. Além disso, a Bíblia escrita em latim
dificultava a compreensão e leitura da população comum, ficando restrita entre
os religiosos. Mesmo que a grande maioria da população fosse analfabeta, a
frequência na Igreja era um ato obrigatório, no entanto as missas realizadas em
latim dificultavam a compreensão dos sermões pela maioria da população.
As ideias que
surgiram com o Renascimento, que criticavam o teocentrismo, repercutiram em um
olhar diferente sobre as ações da Igreja Católica. Os humanistas contestavam o
domínio cultural do clero, o que contribuiu para o surgimento de ideias
revolucionárias.
No início do
século XVI, na Alemanha, Martin Lutero (1483-1546), então padre da Igreja de
Wittenberg, acreditava na importância da tradução da Bíblia como forma de
difundir a palavra de Deus. Com isso, Lutero desqualificava a Igreja como
instituição que poderia explicar e esclarecer a bíblia. Esta ideia abriu as
portas para que Lutero passasse a refletir sobre os demais comportamentos da
Igreja Católica formulando críticas que questionavam a compra do perdão pelas
indulgências, a hierarquia eclesiástica e falta de estudo da maioria dos
clérigos.
Imagem de Martinho Lutero
Criticando a teoria da predestinação da alma e
defendendo a salvação pela fé, Lutero m 1517 fixou na porta da Igreja de
Wittenberg as “95 teses”, esperando ao tornar suas ideias públicas e
receber o apoio do papa. Seu objetivo era que com as criticas a Igreja se
reformasse, porém a atitude do papa foi de censura as ideias de Lutero. Em 1520
o papa Leão X excomungou Lutero sob acusação de heresia, Em 1521, o Imperador
católico Carlos V solicitou a presença de Lutero na Dieta de Worms, onde foi
absolvido e refugiado no Castelo de Wathburg. Neste período Lutero inicia o
processo de tradução da bíblia do latim para o alemão. Lutero manteve suas
crenças e suas ideias chegaram aos camponeses onde tiveram inicio uma série de
conflitos.
Lutero na Dieta de Worms.
Camponeses liderados
por Thomas Muntzer, conhecidos como anabatistas, criticavam a obrigatoriedade
do batismo aos o nascimento. Para eles o batismo deveria ser uma decisão mais
madura, o que para Igreja era heresia. Os homens não batizados, segundo a
religião católica não obtinham a salvação. O movimento radical de Muntzer foi
criticado por Lutero, e contido. Os exércitos Sacro Império germânico acabaram
com a rebelião.
Lutero contava
com o apoio de parte da nobreza, o que evitou que Lutero fosse levado pela
Inquisição e condenado à morte. O apoio da nobreza em parte se deu pelo fato da
ideologia protestante considerar que qualquer um pudesse difundir a palavra de
Deus e criar a sua própria Igreja. Esta ideia foi utilizada por muitos monarcas
como forma de reforçar o poder absolutista e dominar ao mesmo tempo a Igreja e
o Estado.
Em 1555 foi
decretado a Paz de Augsburgo, onde cada príncipe pode ter o direito de escolher
sua religião, bem como seus súditos.
Abaixo seguem os fundamentos doutrinários da
Igreja Protestante:
·
Escrituras
sagradas como único dogma e religião;
·
Fé como única
fonte de salvação;
·
Supressão do
clero regular, do celibato e das imagens;
·
Livre
interpretação da bíblia;
·
Cultos feitos
em idioma nacional e não mais em Latim;
·
Submissão da
Igreja ao Estado;
·
Dois
Sacramentos: Batismo e Eucaristia.
O CALVINISMO:
Ocorrido com o
desdobramento da Reforma Luterana, o movimento Calvinista foi uma das
principais religiões surgidas durante a Reforma Protestante. O teólogo francês
João Calvino (1509 – 1564) foi um dos responsáveis pela expansão do pensamento
reformado na Suíça que logo se desenvolveu na Europa.
João Calvino (criador da teoria da Predestinação
Absoluta)
Segundo Calvino, o principio da predestinação
absoluta seria o responsável por explicar o destino dos homens na terra. Tal
princípio defendia que de acordo com a vontade de Deus, alguns escolhidos
teriam direito à salvação eterna a partir do trabalho que conduziria a uma vida
materialmente próspera. Este ideal atraiu muitos burgueses, que durante a
hegemonia católica eram considerados pecadores por crime de usura e pela
ambição econômica. Alguns dos fundamentos doutrinários do calvinismo são: os
dogmas estavam baseados no cristianismo, possuem apenas dois sacramentos o
batismo e a eucaristia, e Condenavam a adoração a imagens. Esta doutrina
encontra-se alicerçada espiritualmente no capitalismo, estimulando o lucro e o
trabalho.
ANGLICANISMO
Esse movimento
reformista se iniciou na Inglaterra, quando o rei Henrique VIII (1491 – 1547)
rompeu com a Igreja Católica e declarou a autonomia da igreja Inglesa.
O monarca e a
Igreja já tinham uma relação pouco harmoniosa quando, no ano de 1527, o rei
inglês exigiu que o papa anulasse seu casamento com a rainha espanhola Catarina
de Aragão. O papa Clemente VII resolveu não atender as súplicas do monarca
britânico, devido ao tio de Catarina, o rei Carlos V, estar auxiliando a Igreja
contra os avanços dos Luteranos. Inconformado com a indiferença papal, Henrique
VIII decidiu então, anular a autoridade da Igreja Católica na Inglaterra.
Surgia assim, a Igreja Anglicana, em 1534.
A CONTRARREFORMA OU REFORMA CATÓLICA:
Em resposta à
Reforma Protestante, a Igreja Católica teve que passar por reformas para não
perder ainda mais fiéis. O movimento da Contrarreforma foi a resposta da Igreja
ao aparecimento de novas religiões. O papado viu o poder territorial e
influência religiosa diminuírem frente as críticas e ao surgimento das novas
igrejas protestantes, daí a necessidade de uma resposta urgente.
Desde o início
das reformas Protestantes, a Igreja Católica procurou frear o movimento. Os
protestantes eram perseguidos, sobretudo nas monarquias em que a Igreja estava
mais presente, como Espanha, Portugal e França. Basta lembrar que Lutero foi
excomungado e João Calvino teve que de abandonar a França e ir para Genebra. Nos
locais onde os protestantes haviam se estabelecido (Inglaterra, Escócia,
Holanda, Suíça, regiões central e norte do Sacro-Império e norte da Europa –
Suécia, Noruega e Dinamarca), os católicos também não eram bem vindos, o que
facilitou a difusão do movimento em oposição a Igreja. Neste sentido a reforma
católica possuiu o objetivo de reforçar os dogmas e reformar algumas atitudes
que a prejudicavam.
A Companhia de
Jesus foi uma das ordens religiosas criadas nessa época pela Igreja Católica que
tinha o objetivo de recuperar antigos fiéis católicos perdidos para o
protestantismo ou paganismo. Em pouco tempo, os Jesuítas (nome dos membros da
Companhia de Jesus) já haviam se disseminado pela Europa.
Inácio de Loyola (escritor da Constituições Jesuítas)
A Igreja Católica
também lançou mão da Inquisição. Criada no século XIII, a Inquisição foi
reformulada no século XVI para tentar controlar as ideias e manifestações contrárias
aos dogmas católicos. O método consistia em julgar os suspeitos que eram
denunciados através de testemunhas anônimas. Usavam torturas para tentar
arrancar uma confissão do réu, que normalmente confessava mesmo sem ter
cometido crime algum. Em 1542, o papa Paulo III autorizou o restabelecimento da
Inquisição em Roma, organizando o Tribunal do Santo Ofício.
Cena da Inquisição na Fogueira de Savonarola, 1498
Em 1545 o
papa Paulo III criou o Concílio de Trento, importante conselho que se
encarregou de reafirmas os dogmas católicos condenando as teologias
protestantes. Neste evento foram confirmados o principio da salvação pela fé e
boas obras, culto a Virgem Maria e aos Santos, a existência do purgatório, a
infalibilidade papal, o celibato do clero, a manutenção da hierarquia
eclesiástica e a indissolubilidade do casamento. O Concilio também reafirmava a
Inquisição ou Tribunal do santo oficio, como instituição de combate aos
hereges, e criou o Índex, uma lista de livros proibidos como forma de
dificultar o progresso cultural e científico do mundo.
Texto escrito por Sarah Sharon
APROFUNDANDO OS CONHECIMENTOS: QUESTÕES DE
VESTIBULAR.
Questão 1:
(IFG/GO) Sobre a Reforma Protestante e a Contrarreforma, ocorridas na Era
Moderna, assinale a alternativa incorreta.
a) A
Contrarreforma reanimou a fé católica e a conciliou com as práticas comerciais
e a agiotagem desenvolvidas pela classe burguesa, valorizando a acumulação de
bens.
b) A
instrumentalização política da Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica
concorreram decisivamente para as guerras religiosas dos séculos XVI e XVII.
c) A crise moral
vivida pela Igreja Católica e os interesses políticos dos príncipes alemães
foram fatores que concorreram para a Reforma Protestante.
d) Os conflitos
religiosos na Europa e o expansionismo colonialista concorreram para a expansão
do cristianismo em termos mundiais.
e) O calvinismo
refletiu a convergência entre sociedade comercial ascendente e fé cristã.
Questão 2: (UFAL) Com
a fragmentação do feudalismo, a Europa passou por transformações importantes
nos seus hábitos e organização social. Na Inglaterra, houve lutas políticas e
rompimento com a Igreja Católica. Era o anúncio de mudanças nas relações de
poder. Na época do rei Henrique VIII, houve:
a) a fundação da
Igreja Anglicana, inspirada nos ensinamentos dos sacerdotes que defendiam o fim
do celibato e do batismo.
b) o fim da
interferência da Igreja Católica no governo inglês, com a centralização maior
da administração nas mãos do monarca.
c) a queda do
poder da nobreza e mudanças na economia, com adoção, para o comércio, das
soluções dos economistas clássicos.
d) as viagens
marítimas para a América, a expansão militar da Inglaterra e uma
descentralização administrativa.
e) o fim do
sistema parlamentarista e a adoção do mercantilismo, condenando a escravidão e
o livre comércio.
Questão 3:
(UFV/MG) Assinale a alternativa que apresenta INCORRETAMENTE uma das
características da Contrarreforma:
a) Estabelecimento de tribunais inquisitoriais para julgamento de práticas
religiosas consideradas heréticas.
b) Criação de
ordens religiosas no século XVI, que atuaram em missões católicas na Europa e
fora do continente europeu.
c) Confirmação
do papel da arte religiosa como instrumento utilizado no ensino das doutrinas
católicas e no estímulo à devoção.
d) Reformulação
da teologia com base na doutrina da salvação pela fé e no pensamento de Santo
Agostinho.
Questão 4:
(UEA/AM) A Igreja católica foi, em muitos aspectos, herdeira das tradições
culturais do antigo Império Romano. Mas, na Igreja do século XVI, durante as
Reformas Religiosas, surgiram novas instituições como
a) o Conselho
dos Bispos e o Papado.
b) o Seminário e
a Companhia de Jesus.
c) os Mosteiros
e as Ordens Mendicantes.
d) a Opus Dei e
a Inquisição.
e) o Conselho
dos Leigos e a Ordem dos Templários
GABARITO:
1- a
2- b
3- d
4- b
BIBLIOGRAFIA:
Livro de História
ser Protagonista.
Sites de Pesquisa:
Bibliografia dos exercícios:
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